Livro: On The Road (Jack Kerouac)

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O que são as férias senão uma grande oportunidade de dormir e ler, ler e dormir e manter esse ciclo por essas duas semanas que passam voando?

Comecei “On The Road” ainda durante as aulas, mas só terminei nas férias. Posso dizer com certeza não é o que eu esperava quando lia as sinopses…

O livro é um relato romanceado das aventuras do próprio autor e seu grupo de amigos e namoradas durante as décadas de 40 e 50 nos Estados Unidos. É narrado em primeira pessoa pelo personagem Sal Paradise, alter-ego do próprio autor na obra, mas o grande fio condutor é na verdade o amigo de Sal, Dean Moriarty. Dean conquista Sal logo em seu primeiro encontro, com sua personalidade efusiva, energética e vagabunda. Dean só está feliz de verdade atrás de um volante, voando pelas estradas e cruzando fronteiras. E Sal, que havia acabado de se divorciar e morava com a tia em Nova Iorque, é influenciado por essa presença brilhante de Dean e começa a fazer parte desse grupo de nômades americanos.

“On the road” é dividido em algumas partes. Na primeira, Sal narra suas aventuras para chegar até Denver pegando caronas nas estradas. Denver é onde ele se encontraria com os amigos, entre eles Dean. Dali, acaba indo para San Francisco e, no caminho para Los Angeles, acaba encontrando uma mulher com quem ficará por considerável tempo. Mas esse grupo todo de homens não é dado mesmo à estabilidade e Sal acaba voltando para NY.

Na segunda parte Dean aparece do nada para buscar o amigo. Dean tem uma relação muito louca com as mulheres, acumulando casamentos e divórcios e filhos pelos cantos do país. Dessa vez ele aparece com Marylou, uma ex-mulher-que-agora-é-amante. Sob a perspectiva de ficar com Marylou quando Dean os deixar, Sal embarca em nova viagem, agora de carro, pelos EUA. O grupo de amigos e conhecidos gosta muito de bebida e jazz, mas agora alguns estão entrando em usos mais pesados de drogas e sujeitando os filhos a essa vida louca que levam. No final, como sempre, Dean deixa Marylou e Sal para se reunir à esposa e Sal volta para o outro canto do país.

Na terceira parte o carro nem é deles. Sal é quem vai catar Dean de sua vida doméstica e traça planos de irem para a Itália. Acabam arranjando um “trabalho” de entregar um cadillac e essa é a deixa para Dean correr como nunca pelas estradas, botando a vida de todos no carro em perigo. Sal já notou que o cara é meio pirado das ideias, mas continua a defendê-lo quando é preciso e a tê-lo em conta como se tem a uma criança, perdoando todos os seus erros. Acabam os dois em Nova Iorque de novo e Dean arranja mais uma esposa e mais filhos…

A quarta parte é a mais louca e insensata de todas. Cansados da vida cotidiana em Nova Iorque, os dois amigos vão novamente se reunir, unindo-se a eles ainda um terceiro chamado Stan, e juntos os três vão para o México. Surpresos com o valor de seus contados dólares no país, eles gastam o que seria uma fortuna em bebida, drogas e prostitutas. Sal passa por um período bem doente (vivendo essa vida, meu filho, não me surpreende) e Dean mete o pé com o carro. Sal, entretanto, não nutre maus sentimentos pelo amigo por essa ação.

Na quinta parte Sal já está de volta a NY e parece ter encontrado a mulher que sempre quis encontrar em suas viagens pelo país. Tem uma vida caminhando para a estabilidade quando Dean reaparece, agora um tanto mudado, como que abatido e sem tantas palavras a falar. Sal agora anda com outras pessoas, novos amigos que não gostam de seus amigos antigos. Quando Dean pede carona até a estação para um desses amigos de Sal, ele nega e Sal não se manifesta a seu favor. É como se aquela porta de aventuras, da vida louca nas estradas, das noites de bebedeira e jazz pelas pequenas cidades à beira das grandes rodovias tivesse se fechado. Dean não é mais o mesmo e Sal não pode voltar a ser o que uma vez foi.

É o tipo de livro que eu termino sem saber se gostei ou não. Como alguém diz no livro, os filhos deles olharão suas fotos e nunca terão a real noção da vida que levaram antes de suas existências. O tratamento de Dean às mulheres me enfureceu (o cara chegou a perder uma parte do dedo batendo em uma das esposas), e a relação de todos esses personagens com os negros e mexicanos é altamente racista e disfuncional. Tento entender como coisas da época, mas vou dizer que tem personagem ali que me irrita horrores… Sem contar que é um livro interessante, mas por vezes tãããão arrastado. Não quero saber dos relatos das suas noites de jazz e como o cara tocava “pã-pom-pom”, Jack. Tô lendo, não tô te escutando…

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