Cinema: Wotakoi – It’s Hard to Love an Otaku (2020)

Eu te avisei que iria começar uma sessão aqui sobre dramaturgia japonesa, de onde andei um pouco afastada, e não espere que ela termine tão cedo.

Como quase tudo do universo asiático, a primeira vez que soube desse filme foi no Instagram, em um dos muitos perfis que sigo e falam sobre. Vi uma ceninha dos protagonistas conversando no bar e já fui correndo procurar para ver.

Momose Narumi (Takahata Mitsuki) esconde abaixo da aparência fofinha e profissional como funcionária de um escritório a verdade que chocaria colegas e potenciais namorados: o fato de ser uma otaku, que frequenta eventos de animes e é apaixonada por mangás BL. Seu pequeno castelo de mentiras se vê ameaçado quando ela reencontra pelos corredores do trabalho um antigo colega de escola, Nifuji Hirotaka (Yamazaki Kento), um outro otaku que conhece muito bem esse lado secreto de Narumi. Os dois renovam a amizade baseado na confiança de que um não contará para os amigos do outro sobre esse aspecto visto como vergonhoso de suas vidas e, mais importante, se encontrando após o trabalho para discutirem seus interesses que não podem conversar com mais ninguém. E aí se segue toda uma conversa cheia de referências específicas a animes, mangás e jogos de videogames que eles conhecem. Aliás, aqui vale diferenciar que Narumi tem esse subgênero de BL como seu principal interesse, mas Hirotaka é mais um otaku de games do que qualquer outra coisa.

A amizade evolui para um namoro, uma relação que deveria ser bem confortável porque os dois podem ser eles mesmos um com o outro e suas conversas batem muito bem, mas é dificultada inclusive por isso, com eles descobrindo diferenças inesperadas e muita dificuldade de Narumi para abrir seus sentimentos. Quem surge nos momentos de afastamento do casal para dar conselhos é o chefe de Narumi, Kabakura Taro (Saitoh Takumi), e do outro lado a figura elegante e bonita que aparece no bar que Hirotaka frequenta, Koyanagi Hanako (Nanao). E aí parece se formar um quadrado romântico.

Antes de você pular de cabeça nessa história, saiba que apesar do anime não ter essa característica, o filme é um musical, em que do nada os personagens podem começar a cantar músicas nada boas para expressar suas angústias e felicidades. Para mim essas músicas não apenas destoavam do clima geral como também diminuíam a história quando aconteciam (pulei boa parte delas sem dó). Não espere um baita romance também porque o forte do filme é a comédia e essa parte devo dizer que adorei, com os diálogos entre Narumi e Hirotaka sendo sempre o ponto forte (o diálogo no bar realmente é brilhante). Aliás, a passagem do bar com Hirotaka bebendo uísque é genial e vou lembrar dela para sempre. A protagonista tem uma daquelas personalidades maravilhosas que te convidam a gostar da história, mas nada nessa história é feito para ser muito marcante, então espere um divertimento por quanto tempo esse filme durar e só isso.

Leave a comment

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.