C-Drama: Moonshine and Valentine (2018)

Pra falar bem a verdade eu não lembro o porquê de ter começado a assistir esse drama chinês. Acho que foi em uma madrugada tediosa em que não estava muito a fim de nenhum dos dramas coreanos e procurava na aba de fantasia se havia alguma coisa interessante quando vi a sinopse completamente doida dessa história e acabei dando uma chance. O negócio é que “Moonshine and Valentine”, ou “The Love Knot: His Excellency’s First Love” como eu conheci o drama na ocasião, foi um daqueles dramas que eu devorei. Os 16 primeiros episódios foram vistos no período mínimo necessário para tal e a partir de então eu tinha que ficar esperando os fins de semana quando saíam cerca de 4 episódios de uma vez só, totalizando os 25 episódios dessa (aparentemente primeira) temporada.

Logo no começo da história somos apresentados ao aspecto de fantasia, em que uma introdução de dois minutos (que se tornará a introdução de todos os episódios e você pode pular sem preocupações) nos explica sobre a existência do Clã da Raposa, uma raça alienígena que milhares de anos atrás chegou à Terra e se misturou aos humanos, ocasionalmente disfarçando-se entre eles e escondendo seus poderes superiores. Hoje em dia eles andam por aí sem serem notados como tal, vivendo milhares de anos e cultivando suas tradições enquanto acumulam ligações com o mundo terrestre.

Helan Jingting (Huang Johnny) é filho do chefe do clã, apontado várias vezes como o preferido para sucedê-lo. Helan é, entretanto, um mestiço de sangue raposa e humana e muitos membros do clã não gostariam de vê-lo no poder. Além disso, Helan e o pai tiveram um grande desentendimento no passado, que vou tentar explicar da melhor maneira sem dar muitos spoilers: Helan, como mestiço, nasceu extremamente frágil e completamente cego. O pai, no entanto, o amava tanto que procurou todos os meio de fazê-lo viver e recuperar a visão, descobrindo que beber o fígado (eca) de uma menina humana perfeitamente Yin traria a visão noturna do rapaz. Quando foi achada a tal menina, Hui Yan, ele colocou-a para viver com o filho e os dois adolescentes acabaram se apaixonando, o que acabou tragicamente com a morte da garota em sacrifício pela saúde de Helan, que bebeu o líquido enganado. A partir da saída de Helan do clã há uma fissura entre norte e sul. No norte o clã preserva as regras de sangue puro e não quer saber de qualquer associação com os reles humanos, enquanto no sul há paz entre os dois povos e muitos laços que os unem.

Nossa história começa porque a cada ciclo de século (ao que parece) a reencarnação de Hui Yan renasce no mundo e ele, a cada vez, se aproxima dela e revive esse amor sempre destinado à desgraça, pois a mulher não pode viver além de seu vigésimo quinto aniversário. É assim que conhecemos Guam Pipi (Victoria Song, ela mesma, que fazia parte do f(x), aquele grupo de k-pop), a protagonista, que está destinada a entrar nessa história de fantasia. Mas há um problema: enquanto em todas as outras vidas o primeiro encontro sempre significou o amor imediato por parte da moça. nesses novos tempo Pipi ao encontrar Helan não se apaixona a primeira mirada, tomando-o por um mendigo ou algo do gênero. E isso tem muito a ver com o fato de Pipi ter um namorado de muito tempo, o indiferente Tao Jia Lin (Xu Kai Cheng), que na verdade parece estar mais interessado na amiga de Pipi…

A partir de então teremos Helan cortando um dobrado para tentar fazer com que Pipi o ame, tarefa difícil já que ele parece um stalker no começo e quando conta sua história fantástica a coisa só piora, ao mesmo tempo em que tenta achar uma maneira da amada viver sua existência em completo. E isso dá um trabalho monumental para seus amigos, vou te dizer…

Como núcleos paralelos:
A melhor amiga de Pipi, a sagaz Xin Xiao Ju (Liu Yong Xi) trabalha em uma café que logo começa a ser frequentado com assiduidade pelos amigos e subalternos de Helan, a dupla dinâmica Kuanyong (Leo Li) e Xiuxian (Li Shen) e o trio acaba formando um triângulo amoroso sem solução.

Mas agora vou até fazer uma pausa porque a minha verdadeira protagonista está para entrar no palco. Primeiro, tenho que dizer aqui que adorava Helan, mas a personagem de Pipi é bem chatinha e Victoria Song não é das melhores atrizes (na verdade ela só tem uma expressão para todas as cenas de reflexão, tristeza ou olhar apaixonado…) então teve uma hora na história em que foi natural começar a prestar mais atenção a personagem maravilhosa que é Tushan Qianhua (Zhang Bai Jia), o braço direito de Helan e CEO de uma empresa de beleza. Qianhua começa a história nutrindo um amor platônico por Helan (do qual ele tem muita consciência e nunca responde) de centenas de anos, misturado com uma lealdade ferrenha que faria com que ela se matasse para protegê-lo. Quando começam as maquinações do norte e, principalmente, do irmão adotivo de Helan, o vilão Zhao Song (Jiang A-Joe), em busca do poder, Qianhua é enviada para lá em busca da maneira de estender a vida de Pipi. Olha essa mulher que apesar de tudo não enfia a faca nas costas da Pipi e realmente se empenha nessa tarefa, Brasil! MINHA PROTAGONISTA! Classuda, séria e focada, não é surpresa que Zhao Song nutra um amor também centenário por essa mulher, só que ele não a conhece bem e não acerta nas atitudes para conquistá-la. A proximidade, entretanto, faz com que Qianhua veja algumas facetas boas de Zhao Song e ela realmente se apaixona por ele. E aqui estava eu embarcando em um ship que levaria a redenção do personagem masculino, começando a torcer pela felicidade real dos dois, quando Zhao Song faz com Qianhua a PIOR COISA QUE ELE PODERIA FAZER! Se eu chorei? Eu me acabei em lágrimas nessa cena! E o pior é que ninguém nem mesmo avisou para Zhao Song o tamanho da m%rd@ que ele fez!!! Era a cena que eu precisava para me sentir vingada, mas não aconteceu. A partir desse ato, ele abandona qualquer sutileza e bondade que ainda existiam e se lança às maiores atrocidades da história…

Mas… considerações finais: O começo do drama é realmente muito bom e você se sente envolvido por essa história. Os fatos se desenrolam com a velocidade certa e os episódios costumam ter um flashback que te deixa a par dos fatos do passado, o que também serve para você perceber a repercussão deles nos dias modernos. A atuação de grande parte do elenco é muito boa, excetuando-se a protagonista feminina, que poderia diminuir no botox e na boca meio aberta e aprender um novo repertório de expressões faciais. As histórias paralelas acabam brilhando por vezes mais do que a história principal e são um acerto. O grande demérito da série está nos episódios finais. Temos um penúltimo episódio constituído apenas de um longuíssimo flashback desnecessário, enquanto o último episódio é corrido e não entrega uma finalização satisfatória. Aquela entrevista de emprego da Pipi no final, em que ela fica falando da história amorosa dela, afffff deus, pra quê? Não espere que a trama seja amarradinha porque, como disse, ela já foi feita pensando em uma segunda temporada, então nem tudo terá solução e algumas coisas ficam no ar. Minha nota final foi 9,0/10